Foram muitos anos a ver o Avô não sair de casa sem o seu chapéu. E pelo chapéu que escolhia, adivinhava-lhe as voltas que ia dar. O de palha de aba larga se fosse tratar do quintal, os de feltro já russos se fosse algures muito perto, e o chapéu preto de feltro, que dizia que era domingo, ou que o Avô ia a um sítio especial. Agarrava-os pela copa, com o indicador e o polegar, e pousava-os no alto da cabeça, onde parecia que já tinham o encaixe marcado, porque não se lhe mexiam mais. O Avô não sabia que não se agarram os chapéus pela copa. Nem eu tão pouco o pude avisar. Hoje, os chapéus dele ainda têm a forma dos dedos lá espetados. Aquele gesto que os deformava, acabou por deixá-los comigo (os dedos dele pousados), nos chapéus que antes me contavam os seus dias.

AVO é uma homenagem ao meu AVÔ e aos chapéus dele. Tirei-lhe o chapéu em sinal de respeito como significa o gesto. A marca nasce da vontade de criar, recriar, pensar o mundo, a vida e as pessoas através do objecto Chapéu. Construir com as mãos peças únicas e pessoais. Desconstruir a imagem e os formatos habituais. Alinhavar histórias, ou guardá-las neles pelos entremeios de um ponto dado. Fazer chapéus como se fossem Coroas! Porque na realidade, Chapéus há muitos! Cada Chapéu é executado à mão. Desde o enformar do material num molde que lhe confere o tamanho, o modelar da copa e aba até chegar à forma pretendida e a aplicação dos detalhes que cada um pede em particular. No intuito de que cada um seja único e tenha uma linguagem própria. É todo um processo minucioso, que garante a qualidade e a unicidade de cada chapéu.

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